Em audiência pública na noite desta quarta (18) foram apresentados problemas e possíveis soluções para a melhoria das ciclovias e políticas de segurança para ciclistas
A Câmara Legislativa discutiu na noite desta quarta-feira (18), em audiência pública proposta pelo deputado Claudio Abrantes (Rede), os problemas de mobilidade do DF e propostas para a melhoria da malha cicloviária que deem mais segurança aos ciclistas, pedestres, motoristas e usuários de transporte público.
Hoje, o DF tem aproximadamente 411 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas – um número grande comparado a outras unidades da federação, mas longe do ideal.
“Nós temos que participar do debate para garantir que nossas leis e os projetos apresentados atendam as necessidades dos usuários com segurança e sustentabilidade”, defendeu Abrantes.
O comandante do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), tenente coronel Cecílio Souza, lembrou o respeito a faixa de pedestre que já é cultural no DF hoje e disse que o mesmo precisa ser repetido com ciclovias.
“Todos nós sabemos as características de mobilidade e trânsito do DF e sabemos que para aumentar o número de ciclistas nas ruas é preciso garantir que quem estiver em sua bicicleta possa circular em harmonia entre carros, pedestres, ônibus. É um trabalho que precisa da união de todos, como foi feito com a faixa de pedestre”, disse.
Realidade
O ecólogo e colaborador do Mobilize Brasil, Uira Lourenço, apresentou um panorama sobre a situação da infraestrutura cicloviária do DF.
“A gente ainda tem a ideia hoje de ciclovia para lazer e esporte. Não é. A ciclovia é um meio de transporte e precisa garantir a segurança. A maioria dos problemas hoje são questões simples, ligações mal feitas, itens fáceis de resolver. É a cultura do respeito que o poder público precisa entender”, argumentou.
Segundo ele, algumas questões como redução de limite de velocidade da vias, criação de travessias seguras, criação de áreas de baixa velocidade, estacionamentos pensados para todos.
Segurança e sustentabilidade
Desde 2003, a ONG Rodas da Paz trabalha e mobiliza pessoas para o trabalho de segurança e mobilidade sustentável. A organização começou após um crescente número de mortes de ciclistas e hoje é uma das principais referências do país para ciclistas.
“A maior parte dos deslocamentos no DF de bicicleta é casa-trabalho ou casa-estudo. E temos distâncias muito grandes que acabam desmotivando a pessoa a trocar o carro para andar a pé ou de bicicleta. Se ainda custar caro e não for cômodo ou fácil, a pessoa não vai trocar”, afirmou a coordenadora da Rodas da Paz, Renata Florentino.
Renata explicou que a escolha da pessoa pelo meio de deslocamento leva em consideração três fatores: o custo do transporte, o tempo que ele leva e a comodidade. Dessa forma, argumentou, é importante que o poder público garanta que as escolhas mais sustentáveis também sejam as mais baratas e mais cômodas.
Governo
A diretora de educação do Detran-DF, Glaucia Simões, explicou que o governo já tem feito trabalhos direcionados aos ciclistas, seja no formato de pesquisas, seja na conscientização das campanhas.
Elcy Santos, do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), explicou sobre alguns projetos específicos que são questionados na cidade, como a EPTG, que não foi pensada para ciclistas e pedestres. Segundo ele, na época, não foi pensada essa questão – o que já pré-requisito hoje para todos os projetos.
O comandante do 14º Batalhão da PM de Planaltina, tenente coronel Bandeira, falou sobre a experiência do policiamento em bikes.
“É um policiamento que tem nos ajudado bastante porque dá visibilidade ao nosso trabalho e facilita para a população, nos aproxima da comunidade. Além disso, temos uma parceria de pedalada com vários ciclistas e o pedal noturno sai, inclusive, de dentro do batalhão”.
Já o diretor da Novacap, Julio Menegotto, explicou que o GDF está preocupado com a recuperação de calçadas e vai, nos próximos dias, licitar 359 mil metros quadrados de calçada. No entanto, segundo ele, os projetos e trajetos apresentados muitas vezes esbarram em terrenos que não são públicos e dificultam a execução.
Qualidade de vida
Além do trajeto principal que normalmente é utilizado pelos ciclistas, as ciclovias são reconhecidas no DF por oferecer oportunidade de exercício e qualidade de vida em dias de lazer.
Há duas semanas, a ciclovia do Parque da Cidade foi entregue aos brasilienses após restauração e criação de uma nova pista de caminhada – dando mais segurança aos frequentadores do local. O projeto teve emenda de R$ 870 mil do deputado Claudio Abrantes. O parlamentar aproveitou para explicar alguns questionamentos que recebeu na ocasião.
“Sou morador de Planaltina e no momento da inauguração da ciclovia do Parque fui muito questionado de porque não destinar aquela emenda para Planaltina. Nós vamos trabalhar para que ciclovias sejam realidade em todo o DF, mas hoje esbarramos muito na questão de projetos inexistentes no governo”, esclareceu.
Representante da Secretaria de Mobilidade, Bruno Amaral, disse que o governo está trabalhando para tornar o DF totalmente acessível e para isso será contratado um diagnóstico da malha cicloviária e das calçadas para poder tomar as melhores decisões em ações eficazes.
“Nós também vamos ampliar o sucesso das bikes compartilhadas. Já estamos entrando nos eixos residenciais e vamos levar elas também para as demais cidades e não só no Plano Piloto, integradas a demais transportes para chegar a 200 estações”, explicou ele, esclarecendo que hoje são apenas 40 estações, a maioria no Eixo Monumental.
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