Especialistas apontaram existência de focos em depósitos e terrenos baldios
Os deputados distritais visitarão espaços públicos com possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti para fiscalizar as ações do Executivo de combate ao transmissor da dengue, do zika vírus e da febre chikungunya.
Durante a comissão geral para tratar do assunto na Câmara Legislativa, na última quinta-feira (25), especialistas apontaram que, além das residências, o grande desafio para o controle da epidemia é eliminar os grandes focos em espaços sob administração do próprio governo.
“Nós temos muita dificuldade na fiscalização das borracharias, terrenos baldios, áreas públicas, cemitérios, ferros-velhos. São lugares que precisam de cuidado redobrado. Não é possível que um depósito de carros igual o Detran não tenha cobertura. Do jeito que está hoje, ele vira um grande espaço para acúmulo de água e criadouro do mosquito”, apontou o doutor em medicina tropical e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), professor Pedro Luiz Tauil.
O deputado Claudio Abrantes (Rede), responsável pela comissão, apontou que o Legislativo precisa entrar na batalha para evitar que a epidemia piore ainda mais no Distrito Federal.
“São várias questões que a Câmara precisa e vai estar presente. No ano passado, por exemplo, cada deputado destinou R$ 12 milhões para a saúde e vamos acompanhar essa execução. Precisamos da atuação da vigilância, da saúde, e esse recurso pode e deve ajudar”, afirmou.
Em dezembro, o parlamentar iniciou uma campanha de convencimento das pessoas – “Meu Vizinho, Meu Herói” – sobre o perigo dos criadouros nas residências, em Planaltina, e este ano a ideia é levar a ideia para outras cidades. “O perigo está em todas as casas, se você cuida e seu vizinho não, você corre perigo do mesmo jeito. Precisamos estar todos juntos”.
Pandemia
O professor Tauil explicou que a situação tende a piorar ainda mais este ano, já que há casos de doenças em vários continentes e uma possível solução da ciência não está tão próxima. Mais de 2,5 bilhões de pessoas estão expostas ao risco.
São quatro novidades da ciência, segundo ele. Os mosquitos transgênicos, os mosquitos irradiados que se tornam estéreis, os mosquitos infectados com bactérias e a vacina.
“Nós estamos trabalhando muito, principalmente nas pesquisas. A grande questão é que, se fomos capazes de eliminar o mosquito na década de 60, porque agora a situação é tão mais complexa? O Brasil é hoje muito diferente da época, ele se tornou predominantemente urbano, e de forma muito desconectada e desordenada. Há fatores e passivos culturais que o país precisa assumir para esse combate”, explicou o diretor da Fiocruz, Victor Laerte.
O representante da Fiocruz detalhou, por exemplo, que a criação de tantas cidades sem coleta de lixo, saneamento básico e distribuição regular de água são agravantes para a reprodução do mosquito, que gosta de água parada, tem hábito diurno e gosta da convivência com humanos.
Casos
Segundo dados da Secretaria de Saúde, o DF registrou, nas seis primeiras semanas do ano, 2.161 casos de dengue confirmados até 17 de fevereiro – um aumento de 329,31% em relação ao mesmo período do ano passado. Destes, 249 foram de moradores de fora da capital que tiveram o diagnóstico no DF.
No caso de Brazlândia, região com a maior incidência de casos, a situação já é considerada de epidemia. São Sebastião, Ceilândia e Planaltina também tiveram aumento de casos. As quatro cidades juntas respondem por 55% dos casos ocorridos no DF.
Até 11 de fevereiro, foram registrados seis casos de dengue grave – cinco destes pacientes morreram. Seis moradores do DF também contraíram zika vírus, sendo duas grávidas, e seis pessoas estão com febre chikungunya.
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